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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Eu, o "Ateío" e o Caos Aéreo

    
   Tive o infortúnio de viajar de avião durante a confusão ocasionada pela greve dos aeroviários e dos aeronautas. Filas e mais filas nos aeroportos e ainda voos cancelados ou atrasados. Viajei de Belo Horizonte à Natal em uma companhia aérea de péssima qualidade mas bons preços (prefiro não revelar nomes). Esta companhia conta com apenas dois guichês para a realização dos check-in’s de seus passageiros e recurso humano de baixa qualidade e treinamento. Fatores como estes apenas agravaram a situação calamitosa de final de ano.
   Passada a lamúria do embarque (em local diverso do combinado), sentei-me na poltrona diversa daquela combinada no ato da compra. Espaços apertados para esse corpanzil de 110 quilos já são comuns, mas pagar por comida durante o voo é algo de extremo mal gosto. Com toda sinceridade que Deus me deu, coisas como estas não me chateiam, especialmente quando estamos de folga. Entretanto, outro fator “intra-voo” mexeu com meus brios.
   Sentei-me ao lado de um indivíduo de aparência visivelmente estrangeira. Alto, loiro e de olhos claros, Óliver era alemão e neozelandês. Engenheiro de petróleo (como se auto-denominou), casou-se com uma brasileira e reside no Brasil há alguns anos. Trabalha meses a fio em locais distantes no globo em troca de altos valores de dinheiro. Tínhamos gostos em comum como rúgby e futebol americano. Conversamos em português e inglês. Discutimos sobre história, geografia, economia e política. Mas foi sobre religião que meus nervos se atiçaram.
   Óliver era extremamente contrário às práticas mulçumanas. Irritava-se ao citar o mês do Ramadã (pois conhecera bem ao trabalhar meses no Iêmen) e o radicalismo dos islamitas. Certa feita ele presenciara o assassinato de um amigo em seu local de trabalho por um xiita de Alá. Não se conformava e não se contia em suas críticas. Concordei com algumas e rejeitei outras.
   Depois disso, afirmou ser “ateio” (seu português ainda falho denunciava sua emigração). “Sou ateio, mas não sou bobo. Acho que pior fazem os ‘cristianos’. Quanta imbecilidade acreditar em um deus que morreu e ressuscitou. E por quê? Atoa? Como pode um deus criar esse mundo todo e entregar seu filho pra morrer por alguém? Não dá pra acreditar”!
   Como afirmei supra, aquilo me incendiou. Política afeta minha moral e situação financeira, mas por um curto ou médio espaço de tempo. Esportes nos trazem emoções fulgazes. Sistemas econômicos influenciam países por décadas, mas mostram falhos e falíveis. Contudo, religião (em sentido lato) transtorna minha essência. Afeta-me por um prazo infinito de tempo (atemporal por assim dizer).
   De fato, minha mente humana não consegue abarcar como meu Deus criou esse mundo. Nem tampouco como ele “agüentou” tanta imundície por parte do ser humano por Ele criado a partir do barro. Mas também é fato que Ele amou esse mundo (e essa criatura) de tal maneira que, sim, entregou Seu Filho (único e parte Dele mesmo) para que morresse em nosso lugar.
   A dicotomia da expiação dos pecados já citei (e tentei explicar) em outro artigo aqui publicado (A Mensagem da Cruz). Defendi minha fé ante os obstáculos. Busquei seguir os ensinamentos de Pedro ao ordenar:  “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade (II Tm. 2:15)”. Não me conformo com este século e nem tampouco com tamanha afronta. Entretanto, a transformação mental somente o Espírito Santo pode fazer, não por força ou violência.
   Deixo ainda o alento divino encontrado em Salmo 73:
   1- Com efeito, Deus é bom para com Israel, para com os de coração limpo.

   2- Quanto a mim, porém, quase me resvalaram os pés; pouco faltou para que se desviassem os meus passos.
   3- Pois eu invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos perversos.
   4- Para eles não há preocupações, o seu corpo é sadio e nédio.
   5- Não partilham das canseiras dos mortais, nem são afligidos como os outros homens.
   6- Daí, a soberba que os cinge como um colar, e a violência que os envolve como manto.
   7- Os olhos saltam-lhes da gordura; do coração brotam-lhes fantasias.
   8- Motejam e falam maliciosamente; da opressão falam com altivez.
   9- Contra os céus desandam a boca, e a sua língua percorre a terra.
   10- Por isso, o seu povo se volta para eles e os tem por fonte de que bebe a largos sorvos.
   11- E diz: Como sabe Deus? Acaso, há conhecimento no Altíssimo?
   12- Eis que são estes os ímpios; e, sempre tranqüilos, aumentam suas riquezas.
   13- Com efeito, inutilmente conservei puro o coração e lavei as mãos na inocência.
   14- Pois de contínuo sou afligido e cada manhã, castigado.
   15- Se eu pensara em falar tais palavras, já aí teria traído a geração de teus filhos.
   16- Em só refletir para compreender isso, achei mui pesada tarefa para mim; 
   17- até que entrei no santuário de Deus e atinei com o fim deles.
   18- Tu certamente os pões em lugares escorregadios e os fazes cair na destruição.
   19- Como ficam de súbito assolados, totalmente aniquilados de terror!
   20- Como ao sonho, quando se acorda, assim, ó Senhor, ao despertares, desprezarás a imagem deles.
   21- Quando o coração se me amargou e as entranhas se me comoveram,
   22- eu estava embrutecido e ignorante; era como um irracional à tua presença.
   23- Todavia, estou sempre contigo, tu me seguras pela minha mão direita.
   24- Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na glória.
   26- Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre.
   27- Os que se afastam de ti, eis que perecem; tu destróis todos os que são infiéis para contigo.
   28- Quanto a mim, bom é estar junto a Deus; no SENHOR Deus ponho o meu refúgio, para proclamar todos os seus feitos.

   Desejo a todos um bom ano vindouro!
         
Guilherme Abreu

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O poder de uma Copa

   Recordo-me com certa nostalgia das vésperas de Copa do Mundo quando tinha poucos anos de vida. Todo o país se comovia. Pintavam-se ruas e paredes com os slogans e os mascotes daquela copa, inúmeras bandeiras e bandeirolas eram penduradas nas ruas e casas, famílias inteiras se reuniam em frente à TV, mulheres e crianças pintavam seus rostos em clima de festa. Certamente era (e ainda é ) um momento de "pseudo-patriotismo" em nossa nação. Mas o que há de tão importante nesse evento esportivo? Para nós nada além da possibilidade real de vencermos e demonstrarmos para todo o mundo algo de valor. Contudo, em 2014 (não considero aqui 1950, pois não havia FIFA ou o grande volume de dinheiro envolvido em questão ) veremos (aliás, começamos a ver desde já ) o poder e o marco de sediar uma copa. Ou seja, não mais seremos espectadores-torcedores daquele "espetáculo" de organização esportiva, mas poderemos contemplar essas maravilhas em terras pátrias.
   O país sede não somente recebe milhares de desportistas, jornalistas e visitantes; além disso, recebemos quantias volumosas de investimento. Parte do próprio poder público (dinheiro nosso na verdade), parte de investidores privados e ainda da própria FIFA. Basicamente, todos os setores econômicos e sociais são "afetados" pelo movimento copista. 
   Para a camada social mais baixa representa oportunidades de emprego, seja na construção civil ou nos inúmeros cargos criados em hotéis, agências de turismo, tradutores básicos etc. Para os mais abastados e os grandes investidores representa oportunidade única de ganhar ainda mais dinheiro.
   Entretanto existem ainda dois aspectos importantes para todos os cidadãos brasileiros que gostaria de focar: a alteração (espero que pra melhor) na infraestrutura do país e a ingerência pública direta no poder paraestatal do crime.
   Não há como vislumbrarmos um evento desta proporção em cidades sem condições boas de transporte, hotelaria e alimentação. Para se ter uma ideia, Munique durante a copa de 2006 recebeu pouco mais de 7 milhões de pessoas. Até mesmo prostitutas foram contratadas de outros países para "atender" aos visitantes e albergues foram improvisados em grandes praças ou quadras esportivas públicas. 
   Tomo por base a cidade em que vivo, Belo Horizonte. Em dezembro do ano passado realizei uma cirúrgia no joelho e após esta teria que permanecer em um hotel por alguns dias. Devido a um concurso público realizado na cidade naquele fim de semana, demorei cerca de um dia inteiro para encontrar um hotel com vaga disponível. Em dias de grandes jogos no estádio Magalhães Pinto as vias de acesso ficam sem condição de tráfego e se o indivíduo não sair com horas de antecedência chega atrasado ao evento (ou a qualquer outro lugar). Há muito o que se melhorar ainda. Muito mesmo! Nossos aeroportos são pequenos, falhos e possuem capacidade reduzida. Nossas rodovias permanecem em péssimo estado de conservação (salvo algumas exceções). Além de outros pequenos detalhes que nos fazem padecer diariamente. Contudo, ao final, todos seremos beneficiados com estas mudanças na infraestrutura do país.
   Existe ainda outro fenômeno muito útil para a população (especialmente para os do Rio de Janeiro) que é a derrogada armada do poder paralelo do tráfico de drogas. "Criadas" a partir do descaso e de políticas públicas questionáveis, as favelas cariocas eram locais de total ausência do poder legítimo estatal. Jean-Jacques Rousseau ficaria extremamente decepcionado se descobrisse que existem locais como os morros cariocas onde seu contrato social não tinham nenhum valor. Por anos e anos o povo assistiu de perto e pela TV as ações destes "terroristas urbanos" e a incapacidade das forças policiais de agirem (ou a complacência destes - tema para outro artigo). Fato é que com a proximidade da copa (e das Olimpíadas no caso específico do Rio), as autoridades públicas se viram forçadas a mudar esse quadro de horror. A investida fortemente armada transmitida ao vivo pelas emissoras de rádio e TV nos fez retomar um sentimento de nacionalismo (não aquele do futebol, mas o verdadeiro, algo parecido com o movimento dos "caras pintadas" e o impeachment de Collor) e de restauração do poder público estatal.
   Sinto-me profundamente grato aos delegados da FIFA (mesmo com denúncias de corrupção nas votações) que elegeram o Brasil como sede da próxima Copa do Mundo. Eles não calculam o bem que fizeram para todos os brasileiros. Mesmo que forçosamente, nossas vidas irão mudar, e pra melhor! Viva a Copa!
   "190 milhões em ação (dados atualizados pelo Censo 2010)... pra frente Brasil...salve a Seleção!"
   

Guilherme Abreu

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Negro Drama Brasileiro


   Ainda não temos dados oficiais do Censo 2010 (IBGE) sobre a população que "se declara" negra no Brasil. Afirmo que "se declara", pois o IBGE ineditamente providenciou uma maneira de analisar a cor do indivíduo dando a oportunidade, de fato, ao mesmo de se declarar: BRANCO, NEGRO, AMARELO, PARDO OU INDÍGENA. Foi intensa a mobilização dos setores conscientizadores e ativistas negros no intuito de persuadir os indivíduos negros a se declararem como tal. 
   Independente dos resultados numéricos, nosso país é todo fundamentado (física e socialmente; salvo a região sul brasileira) pela cultura negra, obviamente advinda da África como escravos na época da colonização. Não há registros precisos de quantos foram aprisionados e forçados a virem para as américas (deixando um rastro de sangue e desorganização geopolítica irreparáveis no continente africano). Fato é que após anos de escravidão, em 1888 (apesar dos redatores do ENEM 2010 afirmarem ter ocorrido em data diversa) o negro ganhou sua tão sonhada "liberdade". Novamente o recurso das aspas é usado como ironia, pois o negro nunca foi de fato livre neste país.
   Primeiramente, não possuímos um sentimento de nacionalismo (grande parte também devida a nossa extensa geografia). Nossa república fora declarada por um "conchavo" político sem nenhuma luta aguerrida por valores de etnia. Reflita, os moradores do sudeste (cosmopolitanos) nem ao menos conseguem se identificar culturalmente com aqueles do norte (isolados sócio-economicamente). Os sulista se julgam habilitados para declarar uma independência do restante do país. O nordeste é dotado de tamanha peculiaridade (inclusive dentro de si mesmo) que parece efetivamente um outro país. Não amamos uns aos outros. Não conhecemos uns aos outros. Nesse imbrólio tupiniquim, os negros foram alforriados fisicamente também por um arranjo político-econômico com os ingleses. Entretanto, eles continuaram em estado de "escravidão moral", supliciados com más condições de vida, falta de oportunidades, vitimados pela ordem social e econômica.
   Segundo, a já fustigada população negra padeceu ao longo dos anos por essa traumática "libertação". Por conseguinte, nunca foram oferecidos bons posto de trabalho, boas escolas, boas moradias ou condições sanitárias básicas. Refugiados nas periferias, a criminalidade cresceu em números alarmantes já durante a República Velha. 
   Hoje, por incrível que pareça, vivemos uma realidade que guarda uma enorme similitude com aquela vivida no final do século XIX. Estigmatizado, o negro não detém o capital financeiro, social e político. Rebaixado, o negro não possui acesso à boas instituições de ensino (menção honrosa às ações afirmativas em favor aos direitos dos negros e à correção as avessas através das cotas universitárias - temas para outro artigo). Preconceituado, o negro não sabe o que é andar sem ser temido e temer a repressão policial (infelizmente muitas vezes não por acaso). 
   Em minha modesta opinião, devemos ressuscitar as ideias de Martin Luther King (http://www.cedine.rj.gov.br/arquivos/martin_eu_tenho_um_sonho.pdf - vale a pena ler na íntegra). O emérito reverendo batista atiçou o brio da população negra norte-americana que, pasmem, vivia em condições ainda piores do que a brasileira (refiro-me à discriminação institucionalizada e legitimada). Neste sentido temos as palavras de Jean Marie Muller:
   "[...] O verbo agredir tem a mesma etimologia em português e francês: ele vem do latim ad-gradi, que significa  'caminhar em direção a', 'avançar em direção a'. Tomemos a imagem clássica do senhor e do escravo. Enquanto o escravo está submisso ao seu senhor, não existe conflito. Nesse cenário é que prevalece a 'ordem estabelecida' e reina 'a paz social'. O conflito sobrevém somente a partir do momento em que o escravo demonstra agressividade suficiente para ousar avançar em direção ao seu senhor, para enfrentá-lo e reivindicar seus direitos e sua liberdade [...]"
   "[...] Numa situação de injustiça, é preciso criar o conflito para estabelecer a justiça. Tomemos a situação dos negros norte-americanos, no início dos anos 1960. Os negros, em última análise, acomodavam-se na segregação racial do poder branco que pesava sobre eles. Eles estavam mais próximos da resignação do que da revolta. Não havia conflito. E Martin Luther King foi justamente acusado de tê-lo criado e, assim, perturbado a ordem pública. No entanto, não há dúvidas de que, para reivindicar os direitos da comunidade negra, foi preciso criar o conflito. Martin Luther King despertou a agressividade dos negros para que ousassem 'avança em direção' aos brancos e reivindicassem a liberdade[...]"¹
   Sou ainda a favor (mesmo que de forma utópica e inimaginada) de concedermos uma espécie de indenização aos negros brasileiros descendentes daqueles mesmos escravos que tanto labutaram e construíram nosso país. 
   Apesar do meu externo ser branco (e por isso ter me declarado BRANCO), possuo 50% de sangue negro legítimo (vindo do meu lado paterno - que ainda há de figurar na sessão "pessoas que admiro"), fato que muito me orgulha e dá prazer. Somos todos iguais. Nossas almas não possuem cor. Não é a forma do cabelo, dos lábios ou ainda a cor da minha pele que definem meu caráter.
   "Eu tenho um sonho..."

Referências Bibliográficas

1 - JEAN MARIE MULLER, Revista Dialogia, v.5, pág. 26 e 27 São Paulo, 2006.
   
Guilherme Abreu

domingo, 19 de dezembro de 2010

Sonho meu...sonho meu!!!


   Deputados e senadores aprovaram recentemente o "reajuste" de 61,8 % (de 16,5 mil para 26,7 mil) de seus proventos, igualando-se ao valor recebido pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. (http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/12/15/camara-aprova-aumento-dos-salarios-dos-parlamentares-349713.asp). Fato curioso e um tanto quanto bizarro para um pais marcado pelo corrupção e descrença na honestidade da referida classe.
   Gostaria de iniciar a exposição das minhas ideias defendendo prima facie os eméritos políticos brasileiros. Sim, DEFENDENDO! A atividade legislativa é de suma importância para a democracia. Esta, não tem preço. Vivemos e gozamos de liberdade devido ao "valor-democracia" que ainda desfrutamos em uma América Latina sem rumo (vide Venezuela e a sua governabilidade via decretos presidenciais). Eleger um indivíduo para nos representar reflete o sangue e o suor derramado de inocentes ao longo das décadas de horrores.
   Além disso, o parlamentar deve sim receber uma verba decente e condizente com seus gastos mensais de transitoriedade e "sobrevivência" em Brasília. Logo, vossas senhorias sustentam dois lares (a despeito da sem vergonhice de alguns que sustentam até três ou mais), um em Brasília e outro em seu Estado Federativo. De fato, custa caro manter assessores, secretárias e outros "seres pensantes" que o auxiliam na produção legislativo. 
   Contudo, arremete-nos um sentimento de fúria e de angústia o fato de os próprios parlamentares serem competentes para definir o valor de sua remuneração. A população que, em sua maioria, se esmera e faz malabarismos dignos de cirque de soleil nos finais de ano para quitar suas dívidas e aproveitar um pouco de seu 13° salário, permanece atônita ante tamanho absurdo. Talvez pelo fato de estarmos justamente no fim de ano e nossas mentes ficarem obcecadas pelas luzes natalinas, ou ainda pelo fato de a votação do reajuste ter ocorrido em tempo recorde, continuamos estáticos.
   Convém ainda lembrar o perigoso "efeito cascata" que virá em seguida. Pois a remuneração dos deputados estaduais está diretamente relacionada ao valor percebido pelos federais ( 75% ) e, ainda, a remuneração dos vereadores condicionada ao teto recebido pelos estaduais. 
   Não há palavras ou signos na língua portuguesa que possam expressar meu desapreço e desgosto ante tal situação. Creio que seja o mesmo sentimento compartilhado pela maioria esmagadora da população. Mas onde está a demonstração de reprovação? 
   Oxalá, pudéssemos reajustar nossos próprios salários. Sonho meu, sonho seu, sonho nosso!
   Acorda. BRASIL!

Guilherme Abreu
   

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Literatura Recomendada


Tolerância no Novo Testamento - Augustus Nicodemos

Literatura Recomendada


Era dos Extremos - Eric Hosbawm

Analisando o espinhoso "Arco-Íris"


   Infelizmente não pude atualizar o blog com a devida "prontidão". Semanas cheias de trabalho e estudo nos prendem forçadamente. Mas agora voltamos ao normal para comentar sobre o homossexualismo no Brasil ( e no mundo ) e, brevemente, sobre a ação da polícia no Rio de Janeiro.
   Escolhi o tema homossexualismo para comentar primeiro devido à grande manifestação ocorrida semana passada em frente à Universidade Mackenzie (SP). Os manifestantes bloquearam a rua e fizeram passeata em frente à instituição de ensino com o fulcro de protestar contra o texto publicado pelo reitor daquela universidade. O referido reitor é o Sr. Augustus Nicodemos Gomes Lopes e seu texto fora retirado do ar após manifestações de desapreço (contudo o texto já estava no ar há alguns anos).
 A íntegra do texto você pode ler nesta reportagem: http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/universitarios+protestam+contra+texto+sobre+homofobia+em+sp/n1237838427773.html . A comunidade gay se mobilizou de forma tão intensa e rápida para desabonar a instituição e seu reitor que, sinceramente, entendo que a mesma nem sequer leu o conteúdo e buscou a sua compreensão.
   Ora, dizer que a carta do chanceler é uma enorme ofensa tanto para os alunos como para a comunidade gay e que a mesma incita a homofobia é no mínimo uma demonstração de ignorância e falta de compreensão dos vocábulos da língua portuguesa.
   Em nenhum momento o religioso aprovou ou corroborou com a homofobia (prática abominável de violência de toda forma contra homossexuais). Pelo contrário, ele atestou que é da essência do cristianismo o respeito ao próximo (ser humano antes de tudo), mesmo com a não concordância de suas práticas sexuais. O que a carta afirma e defende ( DA MESMA MANEIRA ESTE QUE VOS ESCREVE ) é o direito de se expressar contrariamente à prática do homossexualismo e, por conseguinte, a não aprovação do projeto de lei 122/06 (http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=79604).
   O que temos que analisar antes de tudo é o fato de que os homossexuais cobram seu direito de se manifestar através da supressão da manifestação/expressão contrária de outros. Noutras palavras, ser gay deve ser considerado normal e de livre demonstração. Contudo, ir contra tal prática deveria ser criminalizado. Ora, ser minoria respeitada é antes de tudo respeitar a maioria. 
   Goste ou não os militantes homossexuais, somos um país cristão ( procure se informar sobre como são tratados os pederastas em países islâmicos e durante a segunda guerra mundial ). Como tais não aprovamos as práticas sexuais realizadas pelos mesmos. Também  como tais devemos respeitar a liberdade desta minoria. 
   A Constituição Federal concede a liberdade de se expressar a todos. Além desta, a Bíblia me confere o poder/dever de permanecer contrário à tais práticas. Assim, quer queira quer não, lícita ou ilicitamente, eu continuarei a me manifestar contrariamente aos homossexuais e sua devassidão pecaminosa. Apoio a manifestação do chanceler Augustus Nicodemos e tantos outras espalhadas pelo Brasil. 
   Podemos classificar tal postura como homofobia e a transformação desta em crime passível de punição irá mudar minha atitude? Decerto que não. 

Guilherme Abreu

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Contradições Brasileiras Contradizentes no Brasil


   Em homenagem a todos brasileiros (votantes, votados ou espectadores, absentistas) que aqui vivem e apertaram seus indicadores nas teclas das urnas eleitorais, declamarei algumas situações "interessantes" que ocorrem somente no Brasil e que muito me intrigam:

   -  pagamos mais caro no quilo do pão do que no quilo de carne;
   -  um trabalhador pode laborar e contribuir por mil anos e não receber aposentadoria;
   -  somos moralistas carnavalescos;
   -  taxamos proporcionalmente pequenos salários e isentamos as grandes quantias;
   -  professores são cobrados e mal remunerados;
   -  policiais também, e ainda existem as milícias e os subornos; há quem tema a própria polícia;
  -  pagam-se fortunas em multas de trânsito e nenhum valor é revertido para a educação no trânsito ou melhorias nas rodovias;
   -  governantes são louvados por grandes obras e não questionados por investimentos pífios em educação;
   -  pessoas sobrevivem com um salário mínimo próximas à pessoas que gastam o mesmo valor mensalmente com seu animal de estimação;
   -  somos o país do futuro há 30 anos;
   E aí, tem mais alguma? Cite-a.
Guilherme Abreu

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

"Farinha do mesmo saco" - Um brinde à democracia!


   Antes de começar gostaria de ressaltar minhas posturas com relação ao tema. Não sou  partidário, pois os partidos não possui caráter próprio e nem tampouco fidelidade em sua essência. Portanto, voto e avalio pessoas. Assim, toda e qualquer crítica, sugestão e afins não cabem somente a um determinado partido, mas geralmente é estendida a todos outros. 
   Quem poderia dizer que ainda existe um resquício do verdadeiro Luís Inácio dentro daquele corpanzil regado a álcool. No dia das votações do segundo turno ele defendeu publicamente o deputado eleito Tiririca. Aquele militante aguerrido, trabalhador nordestino e operário padrão sindicalizado que lutava por seus ideais vivia "deitado eternamente em berço esplêndido" na capital federal. 
   Descrito tão romanticamente como "messias" em seu filme, Lula abraçou a burguesia ao se filiar a um patrão dono de indústrias têxteis como seu vice. Mas por que fazemos tanto drama? Onde está a moral de todos eles? Ética? Princípios? Creio que são todos "farinha do mesmo saco", definitivamente.
   O comediante Francisco Everardo foi achincalhado, surrado e humilhado pela imprensa nacional e pelos próprios nacionais de todo o Brasil. De fato, nossa Constituição Federal (conquistada e promulgada livremente) atesta que um analfabeto não pode ser elegível, mas tão somente eleitor. Logo, ao se cadastrar como candidato o indivíduo deve fazer prova de que é alfabetizado ou firmar um documento que o responsabiliza quanto à idoneidade  em suas afirmações sobre a sua formação educacional. Tiririca cumpriu os requisitos legais e estava apto a se candidatar. Em tempo oportuno, qualquer cidadão ou o Ministério Público era legitimado para contestar tal fato. Contudo, não o fizeram. 
   Certamente não votaria neste indivíduo, pois defendo a tese de que qualquer cidadão que queira representar meus interesses em uma câmara legislativa deve ser formado em direito e compreender o processo legislativo de maneira completa. Entretanto, defendo "com unhas e dentes" o direito de um qualquer se candidatar, desde que preencha os requisitos legais. Lutamos décadas contra a opressão ditatorial pelo direito ao voto livre. Inúmeras pessoas derramaram seu sangue inocente para que hoje qualquer um tenha a capacidade de buscar o melhor pelos seus concidadãos. Trata-se de um humorista palhaço que muito provavelmente não se encontra apto para o serviço, mas e daí? Ele se elegeu democraticamente e merece o respeito de todos como os outros parlamentares. São os representantes do povo brasileiro no congresso nacional. 
   Não me crucifiquem (respeito toda e qualquer opinião contrária - até incentivo aqueles que se posicionam contrariamente a se manifestarem nos "comentários"). Minhas opiniões e posturas são de fato polêmicas. Contudo, luto pela legalidade, pela moralidade, pela prevalência das instituições democráticas (algo raro na América Latina) e pela ética. Sigamos a Constituição Brasileira em toda a sua plenitude e beleza. 

Guilherme Abreu

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Pessoas Que Admiro



   David Ben Gurion - o primeiro premiê de Israel e aquele que ficou mais tempo no cargo - nasceu como David Green, em Plonsk, na Polônia, em 1886, e estudou em uma escola hebraica fundada por seu pai. Aos 17 anos, aderiu ao grupo sionista socialista Poalei Zion.
   Em 1906, imigrou para Israel, onde trabalhou como funcionário em assentamentos agrícolas, até entrar para a política e ajudar no estabelecimento do grupo judaico de autodefesa Hashomer. Em 1912, começou a estudar Direito em Istambul, mas com o início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), foi deportado ao lado de outros sionistas.
   Voltou ao Oriente Médio como soldado da Legião Judaica, uma unidade do Exército britânico criada por Zeev Jabotinsky.Ben Gurion passou dois anos da guerra nos Estados Unidos, onde se casou com Paula Monbesz, uma companheira sionista, e foi ativo na formação da ala americana do sionismo trabalhista.
   Ele teve um papel preponderante na fusão dos partidos Ajdut Haavodá e Hapoel Hatzair no Mapai (precursor do Partido Trabalhista de hoje), que se tornou o partido do governo durante as primeiras décadas do Estado, com Ben-Gurion na liderança.
   Desde 1935, o sionismo trabalhista havia se convertido na facção mais importante do movimento sionista e Ben Gurion ocupou o posto-chave de presidente do Executivo da Agência Judaica - um "quase governo" dos judeus na região - função que exerceu até 1948, quando se estabeleceu o Estado de Israel.
   Durante estes anos, fez o curso de história sionista e moldou o caráter do Estado. Baseando-se em uma plataforma política que combinava visão com pragmatismo, abandonou a política sionista oficial de cautela e gradualismo, para adotar uma linha ativista firme.

Estado de Israel

   Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), ele desafiou a autoridade britânica organizando a grande imigração "ilegal" e estabeleceu fronteiras ao Estado, criando assentamentos judaicos em todas as partes do país. Impulsionou o desenvolvimento de uma capacidade de defesa e pressionou pela aquisição de armamento pesado --artilharia e aviões.
   Em 1948, ele lutou pela criação de Israel e proclamou o estabelecimento do Estado.
Com isso, tornou-se premiê e ministro da Defesa. Nos primeiros anos do Estado, sua forte e carismática liderança conduziu as ondas de imigração que duplicaram a população do país.
   Ele conduziu esforços de absorção, investindo os limitados recursos da nação na integração dos imigrantes, assegurou as zonas distantes, construindo assentamentos na periferia, e instituiu uma educação universal com base em um sistema escolar público não-partidário.
   Como ministro da Defesa, planejou e realizou a tensa transição de organizações clandestinas a um Exército regular --moldando o caráter e a estrutura das Forças de Defesa de Israel (FDI). Posteriormente, ele encabeçou projetos nacionais a "Operação Tapete Mágico" (transporte aéreo dos judeus do Iêmen), a construção do Aqueduto Nacional e inovadores projetos de desenvolvimento regional.

Relações exteriores

   No campo internacional, Ben Gurion colocou sua carreira política em jogo para conseguir a aprovação do controvertido acordo de reparações com a Alemanha Ocidental. Ele liderou a retirada de Israel do bloco das nações não-alinhadas, adotando uma orientação pró-ocidental.
   Esse passo estabeleceu as bases para uma aliança estratégica com a França e Reino Unido, que fortaleceu Israel nas esferas diplomática, econômica e militar nos anos 50.
   Em 1953, cansado por anos no serviço público, Ben Gurion renunciou ao governo por dois anos. Ele se estabeleceu no kibutz Sde Boker em Negev, servindo de exemplo pessoal à juventude israelense. Depois das eleições de 1955, voltou a ser premiê israelense.
   Reafirmando a política de defesa, lutou por uma resposta mais forte contra o terrorismo além das fronteiras e adotou uma estratégia de defesa baseada em uma estreita cooperação com a França, que durou por mais de uma década.
   A campanha do Sinai (1956) - apesar de Israel ter se retirado de Sinai devido às pressões internacionais - conseguiu suspender os atos de sabotagem e terrorismo contra os povoados no sul, e suspendeu o bloqueio egípcio à navegação israelense no Mar Vermelho.
   Em 1963, Ben Gurion renunciou mais uma vez ao governo, colocando fim a quase três décadas de liderança, incluindo 13 anos como primeiro-ministro do Estado de Israel.
   Ben Gurion tentou voltar à vida pública em 1965, apoiando uma reforma eleitoral e a formação de um novo partido, Rafi, que obteve só dez cadeiras nas eleições para o Knesset naquele ano. Ele permaneceu como membro do Knesset durante outros cinco anos, retirando-se da vida pública em 1970, aos 84 anos de idade. Ben-Gurion - uma das figuras mais influentes do sionismo moderno - morreu em 1973 e foi sepultado em Sde Boker.

Fonte: Ministério das Relações Exteriores de Israel e Jewish Virtual Library.

Guilherme Abreu

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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Violência ou Agressividade?


   Sei que meu foco neste blog não é comentar sobre coisas particulares. Sei também que tenho milhares de coisas mais importantes para escrever sobre. Entretanto, cansei de ouvir sempre a mesma afirmativa quando digo às pessoas que pratico futebol americano: "que esporte violento"! Gostaria de modestamente defender meu ponto de vista e daqueles milhares (sim, milhares) de praticantes espalhados pelo Brasil.
   Antes de mais nada gostaria de atestar que neste esporte a quantidade de jogadores lesionados é muito menor comparada ao "futebol comum". Contudo, isto não serve para comprovar minha opinião. Originado do rúgby, o football (futebol americano) é um jogo de estratégia no qual um time deve percorrer todo campo com a posse da bola (em formato oval e com costuras centrais) com o intuito de chegar com a mesma à "end zone", ou seja, zona final. Ao alcançar tal objetivo, o time é recompensado com seis pontos e uma tentativa de marcação de um ponto extra através de um chute ao grande Y (field goal) ou a conversão de dois pontos (conquistada através de uma nova entrada dentro da "end zone"). Todo avanço é feito através de quatro tentativas de percorrer dez jardas. Assim, ao atingir as dez jardas pretendidas (ou mais), o time conquista uma nova série de quatro tentativas (ou descidas - "downs"). 
   Assim, o futebol americano é um jogo de conquista de território através de planos lógicos-estratégicos (corridas e passes longos utilizados de forma variada) montados pelas mentes pensantes que permanecem fora de campo. Os jogadores usam equipamentos de proteção em todo o corpo, pois existe o contato físico intenso durante toda a partida (tanto para atacar quanto para se defender). 
   Ao assistir um jogo, um leigo poderá ter a falsa impressão de que se trata de um "bando de animais" degladiando-se sem motivo aparente. Contudo, não se trata de violência. Esta é a agressão gratuita, ilegal, injustiça, precária ou abusiva. Não há que se falar em violência no futebol americano, pois todos os atletas são aptos para o contato físicos e esperam que este aconteça. Se assim o fosse, o boxe, o caratê, o jiu-jitsu e outras artes marciais poderiam ser taxadas de "violentas", o que seria um grande equívoco. A partir do momento em que o indivíduo utiliza de seus conhecimentos desportistas para conseguir algum objetivo leviano fora do âmbito do esporte, aí sim ele comete violência contra seu semelhante.
   Todos os exemplos acima citados são esportes agressivos. Utilizam da força como meio. Logo, jogadores de futebol americano são agressivos e não violentos. Mesmo assim, estes o são somente dentro das linhas de um campo. Fora do mesmo são pessoas comuns e pacíficas (obviamente que devemos respeitar as devidas peculiariedades de cada indivíduo e suas motivações pessoais extra campo). 
   Por tudo acima afirmado continuo com minha modesta e humilde opinião: sou atleta de futebol americano; cristão, trabalhador e cidadão brasileiro.

Guilherme Abreu

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A Família na Pauta do Legislativo




         No dia 07 de julho o senado aprovou o Projeto de Lei da Câmara (do deputado Régis de Oliveira, PSC-SP) que tipifica e pune a prática da chamada Síndrome da Alienação Parental. Em um processo de divórcio/separação os pais, de maneira ardilosa, por vezes utilizam seus filhos como “armas”. Esta é a denominada alienação parental e que é definida no texto legal assim:


“Art.1° - Considera-se alienação parental a interferência promovida por um dos genitores na formação psicológica da criança para que repudie o outro, bem como atos que causem prejuízos ao estabelecimento ou à manutenção de vínculo com este.”

            Partindo do pressuposto (também legal) de que a criança e o adolescente são pessoas em desenvolvimento, andou bem o legislador ao protegê-la deste ato atentatório à sua saúde psíquica. Envolvida em processo naturalmente complicado, a criança encontra-se fragilizada e necessita de apoio. Assim, qualquer ato praticado por um dos genitores que interfira na relação afetuosa do menor com o outro não somente lesa a imagem deste, mas também atinge aquele.
            Interessante é perceber que, na prática, os pais permanecem tão obcecados em uma disputa inútil que por muitas vezes não notam que utilizam de seus filhos em tal batalha. Ainda que de maneira culposa, não haverá mais como escusar-se da sanção penal (que vai desde uma simples advertência até a perda da guarda) a partir da entrada em vigor da lei.  
            Na semana seguinte (dia 13), em contrário senso a este avanço no âmbito do direito de família, o legislador atentou contra todo o nosso ordenamento jurídico pátrio ao aprovar a PEC que aprova o chamado “divórcio direto”. A partir de então, o pedido de divórcio será imediato após a decisão do casal de por fim a sociedade conjugal e não mais deverão estes esperar um (01) ano de separação formal ou dois (02) anos de separação de fato.
            Consideramos atentatório, pois afronta diretamente a norma prevista no artigo 226 da Constituição Federal. Uma Emenda pode ser alvo de controle de constitucionalidade no momento de sua feitura. Neste sentido, o professor Alexandre de Moraes:
“A emenda à Constituição Federal, enquanto proposta, é considerada um ato infraconstitucional sem qualquer normatividade, só ingressando no ordenamento jurídico após a sua aprovação, passando então a ser preceito constitucional, da mesma hierarquia das normas constitucionais originárias. Tal fato é possível, pois a emenda à Constituição é produzida segundo uma forma e versando sobre conteúdo previamente limitado pelo legislador constituinte originário. Dessa maneira, se houver respeito aos preceitos fixados pelo art. 60 da Constituição Federal, a emenda constitucional ingressará no ordenamento jurídico com status constitucional, devendo ser compatibilizada com as demais normas originárias. Porém, se qualquer das limitações impostas pelo citado artigo for desrespeitada, a emenda constitucional será inconstitucional, devendo ser retirada do ordenamento jurídico através das regras de controle de constitucionalidade, por inobservarem as limitações jurídicas estabelecidas na Carta Magna. (MORAES, 2001, p. 527).
Desta forma, plenamente possível a incidência do controle de constitucionalidade difuso ou concentrado, sobre emendas constitucionais, a fim de verificar-se sua constitucionalidade ou não, a partir da análise do respeito aos parâmetros fixados no art. 60 da Constituição Federal para alteração constitucional. Portanto, o Congresso Nacional, no exercício do Poder Constituinte derivado reformador, submete-se às limitações constitucionais. (MORAES, 2001, p. 527)”
            Portanto, tal PEC com o fulcro de beneficiar os 153 mil brasileiros que se divorciam por ano (IBGE), acaba por afrontar o princípio programático de proteção á base da sociedade. A manutenção do casamento por determinado tempo após a decisão de separar-se do casal constitui um importante instituto que visa propiciar um tempo para que os cônjuges reflitam sobre tão valiosa iniciativa.
            A despeito da crítica legal, há que se ressaltar ainda o aspecto social de tal norma. Tal Emenda irá proporcionar uma nefasta banalização do casamento e de suas sacrossantas formalidades. Condizente com o princípio preconizado no artigo 226 da CF seria o estímulo a reconciliação dos cônjuges em crise, e não o contrário. Não existem pesquisas que apontam números certos, mas os juristas, psicólogos e terapeutas que militam nesta área sabem que são muitos os casais que, valendo-se de procedimentos como a mediação, por exemplo, reatam seus matrimônios após uma crise conjugal. Assim, afetar a família é desestruturar crucialmente a nossa sociedade, pois a própria Carta Magna assim a preconiza como tal.

Referência Bibliográfica
MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. 12 ed., São Paulo, Editora Atlas, 2001.

Guilherme Abreu

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Calafrios no "Museu do Holocausto"


   Admiro muito aqueles que conseguem cativar nossas mentes e nos fazem sentir emoções através da simples leitura de um texto. Infelizmente não sou um destes. Tentarei apenas compartilhar um pouco daquilo que senti no local acima exposto. Trata-se do Museu do Holocausto localizado em Jerusalém (apenas a parte histórica do mesmo). 
   Fundado em 1.953 (cinco anos após a criação do Estado de Israel), o museu, após inúmeras reformas, é hoje algo admirável e espantoso. Admirável pela sua arquitetura e espantoso pela sua representatividade. Há soldados do exército em todas as partes (inclusive mulheres, pois estas são obrigadas a servir dois anos enquanto os homens três) munidos com armas de cano curto e extrema força destrutiva. Inúmeros turistas de todas as partes do globo se encontram ali e as expressões faciais durante a visita são sempre as mesmas, incredulidade quanto aos atos da natureza humana. 
   Na entrada recebemos uma fone de ouvido conectado via rádio ao microfone do guia local. Talvez por falta de empatia com relação ao mesmo, resolvi deixá-lo à margem durante a minha visita. Preferi observar de forma individual e egoísta tudo o que o "passeio" tinha para me oferecer, com base somente nos meus conhecimentos históricos prévios e da língua inglesa. 
   A jornada começa com um extenso corredor triangular com entradas múltiplas de ambos os lados. Para caminhar o visitante deve seguir em ziguezague e obrigatoriamente observar tudo o que se encontra exposto no lado direito, no lado esquerdo e no centro do corredor. A parte central é iluminada pelo sol e retrata peças de roupas e outros artefatos que são analisados de cima para baixo, pois os objetos encontram-se em câmaras de vidro pelas quais caminhamos ou em cercados protegidos. Já as galerias laterais são escuras e iluminadas com uma luz vermelha atemorizante. Cada uma delas possuem uma representatividade. Retratam campos de concentração com imagens, cartas dos refugiados, vídeos, depoimentos dos sobreviventes, matérias de jornais e objetos pessoais ou da estrutura física das prisões. Detalham ainda nomes, idade, biotipos e outras coisas mais sobre alguns dos 6 milhões de mortos. 




   Após longos minutos de reflexão "admirando" aquelas imagens passamos à uma câmara redonda. Nela encontramos fotos e nomes de vítimas. A emoção de estar ali toma seu corpo e sua mente. A arquitetura do local torna-o ainda mais atemorizante. O pé direito enorme, o que nos dá a impressão de infinidade com relação ao número de vítimas e nossa pequenez diante da situação descrita.



   Por fim, adentramos em uma sala completamente escura. Somente algumas pequenas luzes nos mostram o caminho a seguir. Após nossos olhos conseguirem se aclimatar com o ambiente podemos perceber que trata-se de um enorme labirinto a se percorrido através de apoios laterais. Ao lado de cada pequena luz brilhante disposta verticalmente existe um nome. Cada nome representa uma criança que perdera a vida nos campos de concentração alemães. Ao fundo uma imponente voz feminina narra cada nome e idade de forma pausada. Em tempo, todos os pêlos do corpo parecem se arrepiar. Um calafrio percorre o sistema nervoso e faz  o coração pulsar mais rápido. Honestamente, após alguns segundos meu único desejo era sair do ambiente. 
   Não há como mensurar as proporções de tal genocídio. O que revolta ainda mais é o fato de alguns líderes mundiais (cujos nomes prefiro não citar) afirmarem que isto tudo não ocorreu. O que me consola é que um dia o Rei de toda terra há de fazer justiça. A vingança pertence ao Senhor. 

   Site do Museu: http://www.yadvashem.org/   

Guilherme Abreu
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