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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Exemplo que vem do Saara



   Após 30 anos de submissão à uma "democracia presidencialista" de cartas marcadas, o povo egípcio se rebelou e arrancou com garra o "infindável" Mubarak do poder (fotos do palácio do Rei Farouk, ex-gorvenante antes de Mubarak - perpetualismo no poder). Para aqueles que não compreendem bem o panorama árabe podemos elencar alguns fatos que os auxiliarão na compreensão deste cenário. Há décadas a nação egípcia é amistosa com os governos americanos. Aquele que lá governava aprendeu cedo a importância de manter uma estreita relação com a Casa Branca. Isto sempre garantiu estabilidade política-social e principalmente ajuda econômica-financeira (terceira maior ajuda financeira concedida pelos EUA). Além disso, o Egito encontra-se estrategicamente em uma vasta porção da África Saariana e do Oriente Médio (o que constitui fator muito útil para as intenções americanas na região). Convém ainda lembrar que a nação dos faráos guardavam boa relação com o povo judeu de Israel, o que garantia em uma história recente certa paz para a região fronteiríça.
   Entretanto, a realidade vivida nas periferias egípcias era outra. Uma vasta pobreza (por mim presenciada e atestada) e altos índices de corrupção (desde o alto escalão até o mais ínfimo cargo de autoridade). A enorme desigualdade social e extratificação de classes fora absorvida ao longo dos anos através de ideais religiosos absurdos (a despeito do meu grande respeito e discordância pelo islamismo). O povo perdera o sentido de luta e revolta. Acostumou-se a sofrer e passar necessidade sem nem mesmo reclamar.
   A grande virada deu-se a partir do exemplo do mártir feirante de Túnis. Revoltado com a elevação da propina paga semanalmente aos agentes governamentais, aquele indivíduo ateou fogo em si mesmo como forma de protesto. Contudo, ele não sabia que incendiou toda a Tunísia e contaminou também outras nações em sua volta, uma delas o Egito. Aquela falsa paz gozada por um sistema corrupto ruiu e já não mais perdura. O que mais impressiona é que o evento "bola de neve" é extremamente propagador e eficiente dentro os filhos de Ismael. Parece-nos que todos abriram seus olhos ao mesmo tempo e decidirão lutar para retomar a justiça em seus territórios. 
   Sei que isto está ocorrendo há milhares de quilômetros de nossa gente, mas podemos aprender ao menos um pouco. Oxalá sentíssemos a revolta que os árabes sentiram ao verem seu país nas mãos de tiranos vendidos ao poder do capital. 
   Leia esta reportagem:
(http://contasabertas.uol.com.br/WebSite/Noticias/DetalheNoticias.aspx?Id=428)
e reflita: há quantos anos esse cidadão está no poder? Simplesmente todos os presidentes (mesmo "presidentes" militares) eram apadrinhados por ele. E agora? O quê fazer? Sentes revolta? Ou já se conformaste com isto tudo?
   Talvez precisamos de um pouco mais de sangue árabes nas veias. Não precisamos necessariamente de mártires, mas podemos sim aprender com o exemplo vindo do Saara.





Guilherme Abreu

2 comentários:

  1. E agora é a vez da Líbia... Kaddafi indo pro saco! Se tiver oportunidade leia a reportagem da CartaCapital dessa semana.

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  2. Já li meu querido. O oriente médio inteiro irá mudar. O Brasil podia cheirar aqueles ares!

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